Li de Dante Alighieri, A Divina Comédia, e há algumas coisas que acho interessante mencionar aqui nesta resenha.
A começar que a minha edição é bilíngue, uma coisinha linda! Mas que pra mim não adianta muito, já que sou analfabeta em italiano. A tradução da obra dantesca foi realizada por Vasco Graça Moura um senhor português é, de Portugal, então suponho que o português da tradução seja o de Portugal. O que explica algumas composições frasais e algumas palavras.
Outra coisa, para quem não conhece a obra, é uma poesia épica dividida em três atos: Inferno, Purgatório e Paraíso. Sim, li os três atos e devo dizer que foi uma vitória terminar esse livro.
E vamos à sinopse!
Sinopse: A DIVINA COMÉDIA é uma perspicaz crítica política e social de seu tempo, além de apresentar uma cosmografia completa do conhecimento medieval e uma profunda recapitulação da doutrina cristã da queda e da redenção, colocada em versos de sublime e majestosa beleza, apresentada nesta completa edição bilíngue com a definitiva tradução repleta de notas do poeta português Vasco Graça Moura.
A Divina Comédia, iniciada em 1308, mas só concluída ao final da vida de Dante Alighieri, é um poema épico em três partes que descreve a jornada de Dante em busca de Deus, acompanhado de Virgílio (símbolo da razão humana) e por Beatriz (a graça divina). Conforme o poeta desce através dos círculos do Inferno, é apanhado em armadilha de gelo no centro da terra e sobe ao Purgatório, sendo gradualmente purificado de seus pecados, ficando pronto para ser conduzido ao Império de Deus.
Inferno
Durante toda a travessia do Inferno, Dante é acompanhado pelo seu guia Virgílio e eles se vêem obrigados a descer cada vez mais a fundo pelos círculos do Inferno. A cada momento que se passa, os mortos – e os demônios – percebem que Dante está vivo e por vezes o perseguem.
Tendo em vista que é necessário, para Dante, atravessar os 9 círculos do Inferno para conseguir sair dali e chegar ao purgatório, tanto ele quanto Virgílio continuam sua caminhada sem cessar.
O que eu achei interessante é que em cada círculo Dante colocou algum “conhecido” para que conversasse talvez como uma forma bem genial de se “vingar” daqueles que acabaram colaborando para seu exílio, então acabamos tendo uma certa visão histórica do que se passou na época de Dante.
A primeira parte da Divina Comédia encerra-se com a chegada e transposição de Dante e seu guia do último círculo do Inferno, onde Lúcifer se encontra.
Purgatório
Ao encontrar a entrada para o Purgatório um anjo marca Dante com sete “P” na testa, simbolizando os sete pecados capitais. À medida em que ele e Virgílio sobem o monte do Purgatório os “P” vão sendo apagados, simbolizando a limpeza da alma.
Continua-se a mesma forma com que antes descrevia o Inferno, Dante encontra-se com figuras históricas do seu tempo, mas de forma menos trágica que no Inferno. Ali as almas encontradas buscam redenção e chegar ao Céu.
O caminho é mais tranquilo que no andar de baixo, mas também é longo e árduo.
E devo dizer que só então – no Purgatório – é que percebi o motivo de Beatriz estar no Céu e ser a dama que realmente guia Dante, o objetivo final dele. Beatriz havia morrido 10 anos antes do exílio de Dante. Fiquei, de certa forma, incrivelmente emocionada com esse fato que só percebi então ali. E é por isso que sou da Sonserina e não da Corvinal…
Ao chegar ao último plano do Purgatório, Dante, já livre de seus pecados, finalmente encontra Beatriz, mas ainda não a alcançou. Ele encontra-se no Jardim do Éden, na presença de várias figuras católicas. Há uma pausa enquanto ele se prepara para deixar o Jardim e ir em busca dos portões do Céu.
Céu
E, como sempre, achei a parte do Céu a mais bobinha. A perfeição em excesso me irrita um pouco, mas tudo bem.
Também achei que o livro iria acabar de uma outra maneira, afinal, – em teoria – A Divina Comédia seria uma alegoria para o retorno de Dante para Florença. A não ser que eu esteja com uma falha muito enorme na minha interpretação de texto, Dante permanece no Céu ao final do livro. Não sei se foi uma previsão da morte dele, ou se realmente Florença seria o paraíso final.
O que importa é que Dante, nesta terceira etapa, encontra-se com muitas outras figuras importantes da religião católica, faz umas comparações insanas entre Beatriz e Maria mãe de Jesus, e, em resumo, exalta todos aqueles que ele julga merecedores de se encontrarem no paraíso.
Honestamente, eu tinha uma visão completamente diferente desse livro, não imaginava que a carga religiosa seria tão grande, mas esperava um pouco mais de fantasia – ou seja, outros deuses, anjos, demônios e tals – entrando em contato com o Dante.
Tudo bem que ele tem uma certa interação com anjos e demônios e santos, mas não da forma como eu tinha imaginado.
Enfim… 4/5 estrelas, foi quase um ano de leitura, mas consegui terminar de ler esse clássico. ❤ Valeu a pena.